Por que falamos em Racismo Estrutural?

Ser antirracista vai além de não praticar o racismo, é necessário compreender como o racismo estrutura a sociedade para poder combatê-lo.

Sabrina Nabuco

1/1/20252 min read

O racismo é algo que acontece há muito tempo na história e na política. O racismo ocorre quando pessoas são tratadas de forma discriminatória por causa da sua etnia, geralmente associadas à sua cor de pele e seus traços físicos. Mas você já parou para pensar que o racismo vai além de ações discriminatórias de indivíduos ou de instituições?

Quando falamos em Racismo Estrutural estamos nos referindo aos processos históricos que moldaram a nossa sociedade de forma que algumas pessoas ocupam lugares sociais desvalorizados.

Silvio Almeida afirma que:

people in black shirts and black shorts sitting on bench during daytime
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“O racismo não é um ato ou um conjunto de atos e tampouco se resume a um fenômeno restrito às práticas institucionais; é, sobretudo, um processo histórico e político em que as condições de subalternidade ou de privilégio de sujeitos racializados é estruturalmente reproduzida”

Mas afinal, que processos históricos foram esses?

RACISMO ESTRUTURAL

No Brasil, o processo de colonização do país foi completamente baseado na ideia de raça. Os lugares sociais dos indivíduos eram determinados pela cor de sua pela e pelos demais traços físicos. O tráfico negreiro teve início em 1550 e sua proibição só ocorreu 300 anos depois, em 1850. A lei áurea que em tese decretou o fim da escravidão foi assinada apenas em 1888.

Considerando que estamos em 2024, em solo brasileiro foram 338 anos de escravidão que foi abolida há 136 anos. Mas simplesmente acabar com a escravidão não acaba com os traumas deixados por esse período e, sem as devidas indenizações, a população negra brasileira parte de um outro lugar em relação à população branca brasileira.

Já parou para pensar que 136 anos corresponde entre 4 e 6 gerações?

A política e a população negra no Brasil pós-abolição

O pós abolição não foi nada fácil para a população negra brasileira. Uma vez que estavam livres uma série de políticas foram implementadas no Brasil visando eliminar a população negra do Brasil.

Isso mesmo que você leu! Com a Teoria da Mestiçagem e do Branqueamento políticos e influenciadores do pensamento na época previam o completo branqueamento da população brasileira. Silvio Romero, por exemplo, previa que na miscigenação o branco seria vitorioso da “luta entre raças” por uma suposta "superioridade evolutiva", ele acreditava no branqueamento total brasileiro em 300 ou 400 anos (ou seja, entre 2100 e 2200).

Posteriormente, ao perceberem que a miscigenação não apagava de fato a negritude dos indivíduos, outros influenciadores como Nina Rodrigues falava na Ameaça da negritude. Nina Rodrigues inclusive propõe que a legislação penal brasileira dividida em códigos distintos, adaptados às condições raciais.